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Vamos falar sobre depressão?

  • Psicóloga Franciliane Alves CRP 20/07787
  • 7 de abr. de 2018
  • 3 min de leitura

A alma que fugiu da matéria

De tanto sentir adormeci,

Como uma anestesia,

Nada aqui dentro, total apatia,

Chegou um momento que não havia nenhuma emoção, nenhum sentimento,

Nem sequer a tristeza ficou como companhia,

A vida ficou insípida,

Mesmo que tentasse nada sentia,

Para quem vive do calor dos sentimentos tal estado de frieza foi semelhante a uma partida,

Chegou a um ponto que senti falta da dor,

Mesmo sendo intensa, quase insuportável, quis que retornasse,

Era uma prova que ainda havia vida,

Não sabia quando era dia, estagnei na noite,

Vagando confusa como um espírito atormentado que não entendeu a desencarnação,

Assemelha-se a confusão,

Difere meu corpo sem alma solto no mundo,

Estive um período como morta viva,

O desencarnado não tem mais matéria para retornar,

Eu tinha matéria, mas não tinha paz.

Franciliane Alves

O adoecimento depressivo possui uma série de particularidades, sua incidência é significativa mundialmente, está entre os transtornos psicológicos mais comuns, apresentando estereótipo social que interfere na compreensão e tratamento da doença. A depressão é versátil, tanto em relação à sintomatologia, quanto no que se refere às pessoas que apresentam tal enfermidade, pois qualquer indivíduo pode sofrer de depressão; caracteriza-se como uma doença democrática, acometendo sujeitos em qualquer fase do ciclo vital.


Um abismo, existir torna-se apenas uma dor, quando se é tragado pelo vazio nada mais apresenta sentido, um ser imobilizado, sendo absorvido pela areia movediça. Depressão equivale a uma morte em vida, afirmação forte, visceral, provoca inquietações, mexe, incomoda de alguma forma. Esse paradoxo é algo que mais se aproxima da dimensão desse transtorno, uma patologia que fabrica mortos-vivos. Um tema que precisa ser discutido de forma esclarecedora, considerando as dúvidas que ainda suscita.

Vamos falar sobre depressão em sua complexidade, compreender o transtorno como fenômeno abrangente, abordar tudo aquilo que implica nesse adoecimento. Essa doença é uma das grandes mazelas da contemporaneidade, assumindo uma proporção alarmante, denominada como “o mal do século”, causando prejuízos significativos para os indivíduos acometidos pelo distúrbio. Talvez não seja necessariamente apenas a tristeza em demasia preocupante, mas o estigma, julgamentos desnecessários e principalmente a ausência de empatia.

Depressão

O fenômeno da depressão apresenta destaque na atualidade por sua incidência no mundo. Segundo o Relatório sobre a Saúde no Mundo, da Organização Mundial da Saúde (2011), a depressão grave é apontada como a principal causa de incapacitação na população, assumindo o quarto lugar entre as dez principais causas da carga mundial de doenças (Wannmacher, 2004, apud SANTIAGO; HOLANDA, 2013).


A depressão é um construto diagnóstico complexo, que tem no humor deprimido e na perda de interesse os principais sintomas, destacando-se, ainda: os sintomas afetivos e as alterações da esfera instintiva, neurovegetativa, ideativas, cognitivas, da autovaloração, da volição e da psicomotricidade, dentre outros (Dalgalarrondo, 2000 apud BLOC et al., 2015).





Distinção entre tristeza e depressão

A tristeza e a depressão apresentam similaridades no que diz respeito aos sintomas, no entanto, é importante esclarecer as diferenças entre as duas. É preciso ficar atento em relação aos aspectos como: intensidade, duração e consciência das causas envolvidas (TEODORO; 2010).


Causas da depressão

A patologia possui um caráter multicausal, assim é possível considerar a influência de diversos fatores, tais como:


▪Eventos significativos

▪Formas de pensamento

▪Padrões de comportamento

▪Fatores genéticos

Sintomas


▪Tristeza

▪Apatia

▪Irritação

▪Choro fácil

▪Ansiedade

▪Anedonia

▪Culpa

▪Desesperança

▪Sensação de vazio

▪Desvalorização

▪Alterações do sono

▪Alterações do apetite

▪Dores no corpo, tais como: dor de cabeça, nas costas, tensão na nuca e nos ombros

▪Cansaço/fadiga

▪Lentificação psicomotora

▪Dificuldade de concentração/memória

▪Diminuição da capacidade de tomar decisões

▪Pessimismo

▪Isolamento

▪Problemas digestivos

▪Baixa imunidade

▪Perda ou aumento de peso

▪Ideias recorrentes de morte ou suicídio

▪Perda da libido

Tratamento

A depressão não pode ser tratada de forma abstrata, existe a necessidade de considerar o contexto social e cultural do sujeito adoecido, a dimensão biológica, psicológica e social do paciente. Desse modo, o tratamento deve levar em conta as particularidades de cada indivíduo, podendo incluir psicoterapia, mudança no estilo de vida e auxílio farmacológico, considerando a gravidade de cada caso (TEODORO; 2010).

“Pesquisas apontam que a utilização de psicoterapia no tratamento da depressão é amplamente indicada, tanto em casos de intensidade leve e moderada quanto em casos mais graves” (SANTIAGO; HOLANDA 2013).


Referências

BLOC, Lucas et al. Phenomenology of the lived body in depression. Estudos de Psicologia (Natal), v. 20, n. 4, p. 217-228, 2015.


SANTIAGO, Anielli; FURTADO HOLANDA, Adriano. Fenomenologia da depressão: uma análise da produção acadêmica brasileira. Revista da Abordagem Gestáltica: Phenomenological Studies, v. 19, n. 1, 2013.


TEODORO, Wagner Luiz Garcia. Depressão: corpo, mente e alma. Wagner Luiz Garcia Teodoro, 2010.



 
 
 

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