Suicídio - Informando para Previnir
- Reinaldo Lacerda CRP 20/07501 e Marcione Almeida
- 11 de set. de 2019
- 4 min de leitura
Suicídio - Informando para prevenir!
DEFINIÇÃO

O suicídio pode ser definido como um ato deliberado executado pelo próprio indivíduo, cuja intenção seja a morte, de forma consciente e intencional, usando um meio que ele acredita ser letal. Também fazem parte do que habitualmente chamamos de comportamento suicida: os pensamentos, os planos e a tentativa de suicídio. Uma pequena proporção do comportamento suicida chega ao nosso conhecimento. O suicídio é uma grande questão de saúde pública em todos os países. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2014), é possível prevenir o suicídio, desde que, entre outras medidas, os profissionais de saúde, de todos os níveis de atenção, estejam aptos a reconhecerem os fatores de risco presentes, a fim de determinarem medidas para reduzir tal risco e evitar o suicídio.
QUAIS AS BARREIRAS À DETECÇÃO E À PREVENÇÃO DO SUICÍDIO?
Diversos fatores podem impedir a detecção precoce e, consequentemente, a prevenção do suicídio. O estigma e o tabu relacionados ao assunto são aspectos importantes. Durante séculos de nossa história, por razões religiosas, morais e culturais o suicídio foi considerado um grande “pecado”, talvez o pior deles. Por esta razão, ainda temos medo e vergonha de falar abertamente sobre esse importante problema de saúde pública. Um tabu, arraigado em nossa cultura, por séculos, não desaparece sem o esforço de todos nós. Tal tabu, assim como a dificuldade em buscar ajuda, a falta de e a ideia errônea de que o comportamento suicida não é um evento frequente condicionam barreiras para a prevenção.
MITOS SOBRE O COMPORTAMENTO SUICIDA
O suicídio é uma decisão individual, já que cada um tem pleno direito a exercitar o seu livre arbítrio.
Quando uma pessoa pensa em se suicidar terá risco de suicídio para o resto da vida.
As pessoas que ameaçam se matar não farão isso, querem apenas chamar a atenção.
Se uma pessoa que se sentia deprimida e pensava em suicidar-se, em um momento seguinte passa a se sentir melhor, normalmente significa que o problema já passou.
Quando um indivíduo mostra sinais de melhora ou sobrevive à uma tentativa de suicídio, está fora de perigo.
Não devemos falar sobre suicídio, pois isso pode aumentar o risco.
É proibido que a mídia aborde o tema suicídio.
O IMPACTO DO SUICÍDIO: POR QUE PREVENIR?
Em 2012, cerca de 804 mil pessoas morreram por suicídio em todo o mundo (OMS, 2014). A cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio, e a cada três segundos uma pessoa atenta contra a própria vida. As taxas de suicídio vêm aumentando globalmente. Estima-se que até 2020 poderá ocorrer um aumento de 50% na incidência anual de mortes por suicídio em todo o mundo.
O Brasil é o oitavo país em número absoluto de suicídios. Em 2012 foram registradas 11.821 mortes, sendo 9.198 homens e 2.623 mulheres. Entre 2000 e 2012, houve um aumento de 10,4% na quantidade de mortes, sendo observado um aumento de mais de 30% em jovens.
PRINCIPAIS FATORES DE RISCO
• Tentativa prévia de suicídio: É o fator preditivo isolado mais importante. Pacientes que tentaram suicídio previamente têm de cinco a seis vezes mais chances de tentar suicídio novamente. Estima-se que 50% daqueles que se suicidaram já haviam tentado previamente.
• Transtorno mental: Sabemos que quase todos os suicidas tinham uma doença mental, muitas vezes não diagnosticada, frequentemente não tratada ou não tratada de forma adequada.
DESTACAM-SE OUTROS FATORES DE RISCO
• Desesperança, desespero, desamparo e impulsividade.
• Idade: O suicídio em jovens aumentou em todo o mundo nas últimas décadas e também no Brasil, representando a terceira principal causa de morte nessa faixa etária no país. O suicídio também é elevado entre os idosos.
• Gênero: Óbitos por suicídio são em torno de três vezes maiores entre os homens do que entre mulheres.
• Doenças clínicas não psiquiátricas: As taxas de suicídio são maiores em pacientes com câncer; HIV; doenças neurológicas, como esclerose múltipla, doença de Parkinson, doença de Huntington e epilepsia; doenças cardiovasculares, como infarto agudo do miocárdio e acidente vascular encefálico; doença pulmonar obstrutiva crônica; além de doenças reumatológicas, como o lúpus eritematoso sistêmico.
• Eventos adversos na infância e na adolescência: Maus tratos, abuso físico e sexual, pais divorciados, transtorno psiquiátrico familiar, entre outros fatores, podem aumentar o risco de suicídio. Na assistência ao adolescente, os médicos, os professores e os pais devem estar atentos para o abuso ou a dependência de substâncias associados à depressão, ao desempenho escolar pobre, aos conflitos familiares, à incerteza quanto à orientação sexual, à ideação suicida, ao sentimento de desesperança e à falta de apoio social.
• História familiar e genética: O risco de suicídio aumenta entre aqueles com história familiar de suicídio ou de tentativa de suicídio. O risco de suicídio aumenta entre aqueles que foram casados com alguém que se suicidou.
• Fatores sociais: Quanto maiores os laços sociais em uma determinada comunidade, menores seriam as taxas de mortalidade por suicídio. Quanto menos laços sociais tem um indivíduo, maior o risco de suicídio. Desemprego, viver sozinho parece aumentar o risco de suicídio, com taxas mais elevadas entre indivíduos divorciados ou que nunca se casaram. Estes são alguns fatores.
FATORES PROTETORES
Autoestima elevada; bom suporte familiar; laços sociais bem estabelecidos com família e amigos; religiosidade independente da afiliação religiosa e razão para viver; ausência de doença mental; estar empregado; ter crianças em casa; senso de responsabilidade com a família; gravidez desejada e planejada; capacidade de adaptação positiva; capacidade de resolução de problemas e relação terapêutica positiva, além de acesso a serviços e cuidados de saúde mental.
FONTE: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA. SUICÍDIO: INFORMANDO PARA PREVENIR. Conselho Federal de Medicina (CFM). Brasília, 2014.
댓글